Lucidez

Correntezas me arrastam

Em um mar de imenso bravio

Águas revoltas, pulsante redemoinhos

São tentáculos de águas cuja revolta

Me submergem sem piedade

Tiram-me o fôlego

Tomam meu corpo inteiro

Minhas mãos em desespero buscam

Pelo o que seja seguro

Em uma luta entre delírios

Enquanto a mente vai se perdendo

Entre os sonhos

E a vida que está a morrer

Já quase abatida do meu corpo se afastam

A sanidade e a vontade

Sem luz que a conduza

Vê-se mais moribunda

E realiza uma viagem

Entre as feridas

De outras datas

Mas na mesma vida

E diante do abismo

Que a esse corpo traga

Relembrar toda história

Traz bálsamo à agonia

Em tantas outras águas

Fora antes mergulhada

E mesmo com profundas feridas

A luta fez parte da vida

Mediante a consciência retomada

A dor sentida vai dando casca

Enquanto as lágrimas se encolhem

Onde ninguém mais as olhe

Um calor toca a pele

E em um pulsar sem melodia

O coração se aperta

Mas na batida certa

Levemente aquecida

O corpo é erguido

Não busco por sentido

A lucidez se faz adormecida

E assim segue a vida

Entre batidas

Do coração

E da vida

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 22/02/2024
Código do texto: T8004819
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