Lucidez
Correntezas me arrastam
Em um mar de imenso bravio
Águas revoltas, pulsante redemoinhos
São tentáculos de águas cuja revolta
Me submergem sem piedade
Tiram-me o fôlego
Tomam meu corpo inteiro
Minhas mãos em desespero buscam
Pelo o que seja seguro
Em uma luta entre delírios
Enquanto a mente vai se perdendo
Entre os sonhos
E a vida que está a morrer
Já quase abatida do meu corpo se afastam
A sanidade e a vontade
Sem luz que a conduza
Vê-se mais moribunda
E realiza uma viagem
Entre as feridas
De outras datas
Mas na mesma vida
E diante do abismo
Que a esse corpo traga
Relembrar toda história
Traz bálsamo à agonia
Em tantas outras águas
Fora antes mergulhada
E mesmo com profundas feridas
A luta fez parte da vida
Mediante a consciência retomada
A dor sentida vai dando casca
Enquanto as lágrimas se encolhem
Onde ninguém mais as olhe
Um calor toca a pele
E em um pulsar sem melodia
O coração se aperta
Mas na batida certa
Levemente aquecida
O corpo é erguido
Não busco por sentido
A lucidez se faz adormecida
E assim segue a vida
Entre batidas
Do coração
E da vida