Sombra

Na mais absoluta imensidão

Entre nuances cujas sombras

Em seu denso véu

Revela a silhueta

De corpos inertes

Há tão pouco revelado para visão

E tanto ocultado nessas sombras

Que nem mesmo o azul do céu

Rompe com o que entre asas de borboleta

Se desenha e converte

Há tanto deixado para depois

Em um verbalizar sem dizer nada

Sem considerar serem dois

Aqueles que nesse abismo

Lançaram-se em queda livre

Na ingênua confiança

De que as palavras não eram impregnadas

Ou mesmo por um determinismo

Uma insanidade moldurada no que a isso se opõe

Esgueirando-se por cantos de sombras

Fugindo do que possa desfazer o sonho

Nessa fuga de constância inegável

O corpo vai se decompondo

A crença vai se afastando

Mazela de um sentimento

Tormento de infinda dor

Quisera que nesse decompor

Também retornasse a poeira

Todo esse sentimento que faz com que a cegueira

Vendasse os olhos para a realidade

Inefável ser que magicamente entranhou-se em mim

E por assim o ser

Com seus longos braços tomaste minha alma

Corrompendo antigas promessas

Levando-me à miséria por nada ter

Desse sonho que me rouba a calma

Lançando-me palavras que a mente embaça

Quisera que a fugacidade

Fosse a minha realidade

Estivéssemos em tempos mitológicos

Ainda um culpado se teria

Nada seria dialógico

Uma flecha é o que diria

No entanto tal situação

Não explica toda confusão

A inegável realidade

Se faz sem necessitar de formalidade

E cuja explicação

Se faz no uso de poucas palavras

O amor que se cria

Em um não continuou

No outro foi causa de dor e morte

Uma inumerável ausência de sorte

A indissolúvel sombra que tudo tomou

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 21/02/2024
Código do texto: T8004069
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