Sombra
Na mais absoluta imensidão
Entre nuances cujas sombras
Em seu denso véu
Revela a silhueta
De corpos inertes
Há tão pouco revelado para visão
E tanto ocultado nessas sombras
Que nem mesmo o azul do céu
Rompe com o que entre asas de borboleta
Se desenha e converte
Há tanto deixado para depois
Em um verbalizar sem dizer nada
Sem considerar serem dois
Aqueles que nesse abismo
Lançaram-se em queda livre
Na ingênua confiança
De que as palavras não eram impregnadas
Ou mesmo por um determinismo
Uma insanidade moldurada no que a isso se opõe
Esgueirando-se por cantos de sombras
Fugindo do que possa desfazer o sonho
Nessa fuga de constância inegável
O corpo vai se decompondo
A crença vai se afastando
Mazela de um sentimento
Tormento de infinda dor
Quisera que nesse decompor
Também retornasse a poeira
Todo esse sentimento que faz com que a cegueira
Vendasse os olhos para a realidade
Inefável ser que magicamente entranhou-se em mim
E por assim o ser
Com seus longos braços tomaste minha alma
Corrompendo antigas promessas
Levando-me à miséria por nada ter
Desse sonho que me rouba a calma
Lançando-me palavras que a mente embaça
Quisera que a fugacidade
Fosse a minha realidade
Estivéssemos em tempos mitológicos
Ainda um culpado se teria
Nada seria dialógico
Uma flecha é o que diria
No entanto tal situação
Não explica toda confusão
A inegável realidade
Se faz sem necessitar de formalidade
E cuja explicação
Se faz no uso de poucas palavras
O amor que se cria
Em um não continuou
No outro foi causa de dor e morte
Uma inumerável ausência de sorte
A indissolúvel sombra que tudo tomou