CAMINHOS SEM DESTINO
Tais idas e vindas são rios a escorrer para o desconhecido
E logo de primeiro, retornam lamosos, quase secos
Em múltiplos caminhos (às vezes sinuosos)
Que o tempo traçou
Em cada chegada há uma partida que deseja retomar
Um sentido fugido, um olhar perdido na confusão
Da trajetória inversa ao seu próprio curso
Nos dias que correm em prol do nada
Então os sonhos se lançam no embalo do vento desenfreado
Que agora desnorteado e ainda alçado às alturas
Esboça ansiedades ao horizonte em tons do deserto
Neste eterno conflito que vivemos para morrer
Seguimos dia após dia num vaivém, cegos e insaciáveis
Cada vez mais velozes enquanto vorazes
A passar, um por outro, em direções opostas, ou ainda
Aos embates na busca de milhentas e mais coisas
Sem chegar nem achar algo que nos valha
É nesse ciclo perpétuo que a lua nasce e rapidamente
Desaparece também, vai pelas suas
Para depois reaparecer num próximo porvir, indiferente
E vazia, com a mesma face dum fantasma desalentado
No escuro, uivando ao precipício:
No cruzamento de caminhos e correrias sem destino
Não existe coisa alguma senão idas e vindas da vida infinda
Vida infinda? não.
Tudo aqui, tudo é uma ilusão, uma grossa patranha
Que a morte vos legou e a vida abençoou.
Escrito em Kimbundu.
Tradução portuguesa do autor.