Náufraga

Horizonte confuso

Tudo meio turvo

Há uma densa neblina

Que a visão confunde

Enquanto se segue na sina

Caminhos sem destino

Rumos embaraçados

Ventos desordenados

Em meio ao caos

A mente se perde

Por descrer já pede

Um tempo para se rever

Trocar a pele

Há uma sede

Como a de um náufrago

Que à deriva

Cortou os mares

Tem os lábios ressecados

A boca seca

O corpo queimado

E ao em terra se ver

Deseja água pra beber

É grande a minha sede

Enfrentei mares bravios

Mas sem em terra me ver

Continuo náufraga

Em meio as grandes ondas

Solitária nas tempestades

Rumando na realidade

Para uma direção

Onde a minha mão

Se perde pelo ar

As forças se fazem fraca

A morte já me sonda

A grande verdade

É que esse coração

Deseja parar

Tempos de procura

Tempos de espera

Tempo de loucura

Tempos de guerra

Tempo que não finda

Tempo sem vinda

Tempos ruidosos

Tempos silenciosos

Ouça!

O coração é fraco agora

Diz em descompasso

Que o tempo de outrora

Lhe roubou a alegria

Por isso sua sintonia

Se faz com o crepúsculo

Que ao vento anuncia

A morte de um tempo

Entre as luzes e as trevas

E é só o que resta

Está tudo confuso

Há uma tempestade

Que chega agora

Prenúncio de desterro

Continuidade de um pesadelo

Que dentro de mim mora

Oceano revolto

Tudo preso e solto

Ventania que aos céus levanta

Dor e esperança

Agonia e fantasia

Loucura de um náufrago

Insanidade delirante

Sentimento contagiante

Sinta!

Ainda há vida

O coração fraco bate

É densa a neblina

Que embaça a visão

Maltrata o coração

Rouba as palavras

Em silêncio lança

De volta ao oceano

Sem perceber que é engano

Eternamente náufraga

Sem ponto de chegada

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 19/02/2024
Código do texto: T8002640
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