Náufraga
Horizonte confuso
Tudo meio turvo
Há uma densa neblina
Que a visão confunde
Enquanto se segue na sina
Caminhos sem destino
Rumos embaraçados
Ventos desordenados
Em meio ao caos
A mente se perde
Por descrer já pede
Um tempo para se rever
Trocar a pele
Há uma sede
Como a de um náufrago
Que à deriva
Cortou os mares
Tem os lábios ressecados
A boca seca
O corpo queimado
E ao em terra se ver
Deseja água pra beber
É grande a minha sede
Enfrentei mares bravios
Mas sem em terra me ver
Continuo náufraga
Em meio as grandes ondas
Solitária nas tempestades
Rumando na realidade
Para uma direção
Onde a minha mão
Se perde pelo ar
As forças se fazem fraca
A morte já me sonda
A grande verdade
É que esse coração
Deseja parar
Tempos de procura
Tempos de espera
Tempo de loucura
Tempos de guerra
Tempo que não finda
Tempo sem vinda
Tempos ruidosos
Tempos silenciosos
Ouça!
O coração é fraco agora
Diz em descompasso
Que o tempo de outrora
Lhe roubou a alegria
Por isso sua sintonia
Se faz com o crepúsculo
Que ao vento anuncia
A morte de um tempo
Entre as luzes e as trevas
E é só o que resta
Está tudo confuso
Há uma tempestade
Que chega agora
Prenúncio de desterro
Continuidade de um pesadelo
Que dentro de mim mora
Oceano revolto
Tudo preso e solto
Ventania que aos céus levanta
Dor e esperança
Agonia e fantasia
Loucura de um náufrago
Insanidade delirante
Sentimento contagiante
Sinta!
Ainda há vida
O coração fraco bate
É densa a neblina
Que embaça a visão
Maltrata o coração
Rouba as palavras
Em silêncio lança
De volta ao oceano
Sem perceber que é engano
Eternamente náufraga
Sem ponto de chegada