RECORDAÇÃO
Tinha para mim que a noite era mais fascinante
Lá fora, e bem irresistível como tu
Quando despida à minha vista
Que te devorava inteiramente
Havia lastro dum astro que aleitava longos rios
E estes cantarolavam pela boscagem
Ao cruzar rochedos no Sul —
Lembravam-me da tua voz deleitosa
E também das tuas curvas largas
Então
Ficava eu algumas horas de espera, parado ali
Face às acácias que acenavam jubilosas
Pensando no quanto havias me amado
(Pois, pudera que assim tivesse sido)
Daí, os meus sentidos assumiam um certo trilho
Espalhando-se ao acaso, em milhentas ruas
A busca daquele calor e aroma do teu regaço
Na paixão que se viveu
Oh, que bom que seria avistar-te uma vez mais —
É tudo quanto sentia e sinto muito ainda
Desta recordação
Apesar de tantos anos apartados
Sem se ter de entender porquê.
Escrito em Kimbundu.
Tradução portuguesa do autor.