GÊNESIS

Era um tempo

de um intenso vazio

nada ainda estava

em seu útero,

e tudo se consumia

antes mesmo

de se fazer existência.

O porvir,

inconcebível,

só uma vaga

percepção das coisas,

a alma estava a se fecundar

na natureza das espécies e especiarias.

Havia tênue hesitação,

incômodos sortilégios...

Agonizava nos etéreos

a sensatez que um dia

haveria de faltar,

quando futuras criaturas

se apropriassem da criação.

E então,

num arroubo

de ingênua onisciência,

o Criador

deixou-se guiar-se

por vãs esperanças,

renegou o infinito

ao último plano,

e fez-se luz !

E nunca mais

o nada se bastou.

E Deus chorou ...

nasceram as primeiras chuvas,

que o homem,

um dia,

sabiamente,

as chamou de precipitações.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 12/02/2024
Código do texto: T7997128
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