Entre o vento
No ontem tanto amor sentido
Um tempo que parecia lindo
Sonhos tão bonitos
Desejos tão profundos
O sorriso era farto
Mesmo com o coração apertado
A esperança verde vivia
O coração feliz batia
No agora a dor é imensa
Nesse tempo só descrença
Os sonhos são moribundos
Os desejos não possuem vida
O sorriso é disfarce
Por ter um coração em pedaços
A vida deixou a esperança
A felicidade jaz em cova rasa
Viver é apenas interpretar
O papel que o mundo espera
O externo não revela
A tragédia interior
Tudo dentro se traduz em dor
E se pudesse através do vento
Te enviar algumas palavras
Escolheria as mais delicadas
Que levassem meus pensamentos
Deixando-te claro nesse momento
Ser eu conhecedora da verdade
Consciente da realidade
E mesmo morta por dentro
Não te daria um só momento
De toda minha angústia
De todo meu sofrimento
Minhas palavras não levariam
Nem dor nem lamento
Certamente te esconderia
Tudo que em mim existia
Por saber que não existirá o dia
Em que te veria frente a frente
Ao mundo eu minto
Digo que nada sinto
À você nada digo
Sigo em silêncio profundo
Como um corpo sem vida
Por saber ser-te uma defunta
Tudo que antes me disse
Tudo que de mim disseste
Foi somente um grave erro
Nos levou ao desterro
Mas diante as palavras cortantes
Fiz-me como desejavas
Morri em meio tuas palavras
Sem dizer-te mais nada
E no vento não fiz viagem
Não fiz parte da paisagem
Perdi toda coragem
De dizer-te o que em minha imagem
Jamais verias sem que antes me amasse
Eis então o grande problema
Todo sentimento teu, entre tuas palavras
Conheceu a morte
E não sobrou nada
No silêncio
Entre o vento
E cada palavra
Meu coração
Sem permissão
Ama e mais nada