Pouco
Outro dia que finda
Entre silêncios ruidosos
Lamentos guardados no peito
Amor que não tem jeito
Sem desejo desce dos olhos
As lágrimas que cavam
Profundos abismos entre o nada
E o tudo que mata
E assim a vida segue
Ignorando tudo sentido
Leva a flor da pele
O que se deseja ter se ouvido
Contudo a consciência
Sabe que essa ausência
Não termina na aurora
É tempo que não finda
Encontrar no momento
Razão para o sentimento
Faz o sentir ser lamento
Não por existir
Mas por ainda estar aqui
A dor que dele vem
Não encontra explicação
Nas feridas do coração
Nem naquilo que não se tem
Pois é essa a verdade
Sofrimento é a realidade
Só de quem no coração tem
Amor de verdade
Sem ter a quem
Dá-lo sem conformidade
Com o que do outro vem
E assim seguem os dias
Entre poeira
Entre o que é frio
Entre ruidosos silêncio
Entre a tristeza do lamento
Entre todos os sentimentos
Entre a saudade
Entre tudo que invade
Só se segue
Sem desejo de seguir
Se segue
Por não poder deixar de ir
E no final de mais um dia
Pouco ou nada se fantasia
Não há sonhos
Em te ter aqui
O real sentimento
É o que mata no momento
Os sonhos que haviam aqui
E se antes o dia
No por do Sol
No fim de um dia
Muito traria
Hoje nem sonho
Nem fantasia
E essas palavras
Trazem na sua palma
Dor e saudade
Sem perder a realidade