Confins de janeiro
Encerra-se a procissão de Iemanjá
Por atlânticas águas que dormem
salgando as praias em fervo bom
foram dias de ousadas belezas
vida ao bronze em sol intenso
tropicais recordações remanescem
como uma sensação selvagem
de corpo e exuberância febris
em sagrada redenção terrena
Janeiro é a saudade do princípio
Seu fim é um adeus ao mistério
daquilo que é recente e existe
Tempo de quem ama o mar
E o transforma em poesia
Época de festas suntuosas
E de recolhimento para si
Impera o ócio, a maré alta
Longínquo de obrigações
É Tempo de quem ama
De quem se deixa levar
por brisa inconfundível
Janus dos ciclos
Esvai-se leve com a chuva
anuncia o retorno da razão
nos carnavais do porvir
mascarando a dureza
com belíssimas cores
antes que o ano
novamente se revele