Sou
Se me perguntas
Quem sou eu
Sem qualquer pressa
Respondo da maneira mais correta
Sou a saudade
Do que na verdade
Nunca comigo ficou
Sou a vontade
Cuja saciedade
Se faria no teu amor
Sou eterna despedida
Por nunca quere-me em sua vida
E não ser o teu amor
Sou a dor mais profunda
O que me faz moribunda
Mendigando por amor
Sou aquela que faminta
Fica a espera de que sinta
Um pouquinho da minha dor
Sou andarilha
Pelo mundo maltrapilha
Em caminhos só de dor
Sou o choro que não finda
Por viver essa minha sina
Nesse mar que sempre estou
Sou aquela esquecida
Entre memórias que não fixam
Por não ser por você querida
Sou o que não importa
Aquela que não tem porta
Só estrada, poeira e dor
Sou apenas passagem
Parte temporária da paisagem
Não sigo em memoriais
Sou irrelevante
Nunca tida antes
Para alguém como importante
Sou como a poeira
Que apenas incomoda
E melhor se fica depois de ir embora
Sou o que não se deseja
E se espera que não seja
Demorada a estada
Não sou o sonho
Sou pesadelo medonho
Que despertado se esquece
Sou saudade de um mundo
Onde tudo antes mudaria em um instante
Sou o que não sou
Sou o que você diz que sou
Sou porque sou
Sou falta
Sou excesso
Sou amor
Sou dor
Sou de sonhos
Sou o pesadelo
Sou lágrimas
Sou silêncio
Fui palavras
Pra você fui tormento
Sou solidão
Sou mãos vazias
Sou espera
Sou desesperança
Sou tudo que é em vão
Sou sem sentido
Sou o grito
Só não sou
Nada que diz que sou
Mas te permito
Dizer que minto
E tudo antes dito
Será o que sou
Mas no fim
Quando não houver
Mais nada de mim
Lembrarás que fui só amor
Hoje nada sou
Ou sou