ÚLTIMO OLHAR
Em todas as coisas
havia um pouco do teu silêncio,
quando me agasalhava de tua saudade.
Fechava os olhos
para abrir no amanhã
algum laivo de regresso.
E te procurava na lembrança,
ofertando ao tempo
migalhas de teu corpo.
Já havia muitas circunferências,
e os ponteiros ainda estavam lá
para me lembrarem do momento de cada espera,
cada ilusão revigorada pela textura do vento
a me trazer perfumes de outras mulheres.
Eu só queria ti
e as incertezas ...
Teu sorriso ainda pulsava em mim!
O que dizer desta alegria
frágil,
fugidia ?
Eu sei que um dia o esquecimento
tomará conta de mim,
— será!? —
quem sabe venha camuflado
de resignação,
vestido com cores
de despedida.
Já faz tanto tempo...
Ainda te vejo voar
acima do meu último olhar.