Desabafo
Taciturna a face que o tempo olha
Enquanto desaba a água
Em tempestade lá fora
A fronte franzida
Viaja por lembranças
Época de esperança
De repente os olhos encharcam
Como chuva se derramam
Águas de outras chuvas
Pensamentos perdidos
Entre tudo que foi ouvido
Espera infecunda
Fez a esperança moribunda
Através do que nunca foi dito
Arrancado do peito
De qualquer jeito
O intrépido coração
Que batia descompensado
Só por ter em você pensando
No corpo um arrepio
Parecia que o corpo sentia frio
Mas a tua voz
Que trazia tantas sensações
Hoje é saudade e dor
Que me invadem
Tomam todos os espaços
Fazem do sentimento, cacos
Sem o menor cuidado
E a única certeza
É que você não viu
Todo amor que esse coração sentiu
Depois de tanto tempo passado
O coração continua arrancado
Feito em pequenos cacos
As palavras antes esperadas
Hoje fazem parte de uma mágoa
Por ter acreditado
Que havia um amor
Que tudo enfrentaria
Que nunca desistiria
Que não seria dor
Na respiração profunda
O ar corta por dentro
A dor é tormento
Não passa esse sentimento
Ah! Como eu queria
Acordar sem te lembrar
Respirar sem machucar
Levantar meu corpo
Seguir o caminho
Com a brisa a tocar meu rosto
Enquanto um sorriso bobo
Se dourava sob o sol
Sem mais lágrimas
Somente um despertar
Sem te lembrar
Mas esse dia não chega
Cada dia mais tristeza
Por em mim ainda existir
Tudo que sempre senti por ti
Não há dia sem lágrimas
Não há o tempo de sorrir
Não há brisa a me tocar
Ainda não sei te explicar
A razão pra tanta loucura
Esse sentimento sem cura
Quando eu bem sei
Não dirá as palavras
As antes ditas
Continuarão a ser repetidas
E meu coração
Não sei como o posso colar
E assim me aliviar
De todo esse sentimento
Que me causa tanto sofrimento