JEQUIÉ DO SOL

JEQUIÉ DO SOL

 

Engraçado é morar na Cidade Sol,

Que é um apelido bem conveniente,

Pois é o ano todo sem um lençol,

Pra dizer que o colo é ardente.

 

Mas, ali também há muita água,

Pois não é só o Rio das Contas,

Havendo caminho até para almas,

Se em Jequié o céu nos encontra.

 

Quem passa na estrada principal,

Não vê a pujança dessa colheita,

Que ajunta etnias e seu capital,

No colo e solo que se aproveita.

 

A flora de lá é diversa e bela,

Mas sofre, se não sabem da vida,

Desde que o fogo achou a panela,

E fez o fogão queimar a comida.

 

Ali tem minério e a terra é boa,

Onde passam os trilhos para o mar,

Tem ao lado uma chapada patroa,

E do outro a mata para inspirar.

 

No meio de tudo é o bom agreste,

O qual nós chamamos Mata de Cipó,

Com mais licurizeiros que a peste,

Ao dizer que ali tem preá e mocó.

 

Só é diferente no tempo da chuva,

Pois o nativo é como um caprino,

Se bode corre da nuvem na curva,

E vai pro curral velar o destino.

 

Lá o povo vai pra rua com o sol,

E tem cisma com chuva e sereno,

Pois ninguém quer ser um caracol,

Se na solidão ar puro é veneno.