Tinta e fim
Dizem que tudo finda
E por longo tempo
Me vi crendo
Que era infinito o amor
Desejei viver meu conto
Onde o fim só haveria
No esvair de um dia
Onde eu virasse o vento
Soprando aos quatro canto
A despedida no perfume de uma flor
E assim me guardarias
Em uma caixa de lembranças
Entre papéis e palavras
Pelas letras desenhadas
Minhas palavras
Palavras que outrora te revelava
Através de letras bem bordadas
No papel para sempre deixadas
E ali eu estaria
Você me visitaria
E o fim não existiria
Mas foi um engano
Eram outros os planos
E o fim chegou naquele dia
Por mais que eu negasse
Nada o mudaria
Não eram esses os meus sonhos
E tudo que eu não queria
Foi o que me sobraria
Hoje, minhas lembranças
Em salgado pranto navegam
E já não nego
O fim é sempre certo
Não existe o pra sempre
Nem contos belos
São momentos bem singelos
Fração de um tempo
Breves momentos
E a grande verdade
É que com o passar dos dias
Mesmo tendo em um morrido
A dor não o faz esquecido
O fim apenas afastou
Aquele que o desejou
Enquanto o outro
Morre pela dor
Não fui por você guardada
Em uma caixa delicada
Não há papel nem palavras
Pela tinta perpetuadas
Mas ainda uso as palavras
Vou gravando pela vida
Sentimentos não vividos
Dentro do peito escondidos
Enquanto espero o fim da estrada