SEMENTES EM BUSCA DE SOLO

SEMENTES EM BUSCA DE SOLO

 

A vida é encontro e desencontro,

Mas até de abraços e trompaços,

Faz a cena ao dar com os ombros,

E aceita um amor pego em laço.

 

Quem se vê fisgado é sensível,

Pois as feras humanas não são,

Se pra viver de amor é preciso,

Descartar o egoísmo e o não.

 

É no sim que teremos aceites,

Mesmo sem concordar ou razão,

Pois a boa azeitona dá azeite,

Para quem tem salada e limão.

 

Ao querer algo mais que a vida,

Somos todos sementes pelo chão,

Em busca de um solo ou guarida,

Pra que nossa raiz gere o pão.

 

São muitos simbolismos que vejo,

Como arquétipos que moldam deuses,

Mas não posso falar de um queijo,

Se eu nunca ordenhei minhas reses.

 

Querer leite e mel com o trigo,

Pode ser como a promessa e o rio,

Pois a água da chuva e o abrigo,

Nos traz mais união ante o frio.

 

Quem viver para ouvir o mais velho,

É porque não foi só um natimorto,

Mas quem leu lendas de escaravelho,

Sabe mais do que quer só conforto.

 

Essa vida é um grande mistério,

Não maior do que seja meus versos,

Quando vejo as estrelas no céu,

Sem poder viajar pelo Universo.

 

Sei apenas que sou boa energia,

Do que seja mistério de átomos,

Como fosse buscar pela sinergia,

Até no voo sincrônico de patos.