O RATO

O rato, às vezes sonhava, sonhava ser águia

Ao alçar voo em busca da grandiosidade

Mas a águia, em suberba, negava-lhe

E lá ia ele, em desespero, a correr.

Às vezes, sonhava igualmente ser gato

Mas ao procurar a companhia dos felinos

O gato, com desdém, o reprendia

E mais uma vez, em fuga, se via.

Durante o dia, tentava dissimular

Entre as penas de uma águia magestosa

No entanto, seus disfarces eram revelados

E a implacável corrida o expulsava.

Na obscuridade da noite, procurava

A furtividade sob a capa de um gato ágil

Mas mesmo na sombra, era descoberto

E a corrida incessante continuava.

Por fim, ele foi inventando ideias mais vis

De como enganar o gato e a águia

Tornando-se, dessa forma, em traidor.

De dia, sem escrúpulos, difamava o gato

À noite, urdia intrigas junto às águias

Mas a traição nunca passa impune —

Descoberto, sem lar nem abrigo algum

O rato (saindo derrotado)

Viu-se compelido a refugiar-se no deserto

Onde as dunas cegas e mudas como pedras

O acomodariam na brasa do areal.

A fábula do "Rato" traz consigo valiosas lições morais e éticas:

1. Aceitação da Própria Identidade: O rato, ao tentar ser algo que não era, enfrentou desafios e desilusão. Isso ressalta a importância de aceitação da própria identidade, compreendendo que cada ser tem suas próprias carectaristicas únicas e válidas.

2. Honestidade e Integridade: O rato, ao se tornar um traidor, sofreu as consequências de suas ações desonestas. A fábula destaca a importância da honestidade e integridade nas relações, alertando sobre as repercussões de comportamentos traiçoeiros e imorais.

3. A consequência das Escolhas: O destino do rato, ao final, destaca a importância das escolhas que fazemos. Cada decisão tem repercussões, e a fábula nos lembra de considerar cuidadosamente as consequências das nossas ações.

Todavia, o leitor, por sua vez, está livre de interpretar como quiser.

Obs: esta fábula não é tradicional. É uma criação original do autor.

Redigido em Kimbundu.

Tradução portuguesa do autor.