Consciente
Depois do esvair de longo tempo
Onde o caminho nebuloso fiz sozinha
Sentindo no meu rosto um gélido vento
Noites e dias de sombrios tormentos
Vi o ir sem que houvesse uma palavra
Que pudesse dar-me a calma
Mas vi minha alma
Desfazer-se em grossas lágrimas
E no tempo que se esvaía
Entre as noites e os dias
Esperei-te com toda calma
E em memórias relembradas
Revivi o que deixaste
Entre as pedras lançadas
E assim minha alma
Que agora estava na palma
Pois de mim fôra arrancada
Foi aos poucos aceitando
E se já não estava te buscando
Mais fui me afastando
Uma forma encontrada
De manter-me guardada
Nas lembranças de um sonho
Foram muitas madrugadas
Noites acordada
Dias agoniada
Uma espera pelo nada
Que só eu esperava
Hoje a consciência
Depois desse infindo tempo de ausência
Diz-me ser besteira
Alimentar a ilusão
De que teu coração
Guarda a fagulha certeira
Que te trará e o sonho despertará
Pés plantados em firme chão
Não permitam ilusão
Mesmo que em meu coração
Habites sem permissão
Como eu tentei
De inúmeras maneiras
Arrancar-te do meu ser
Para voltar a ser
A garota que eu era
Mas me habitas
E apenas guardo as feridas
Para cuidar de minha vida
Aceitando minha sina
Portanto, não te preocupes
Os teus receios não me nutrem
Jamais entrarei no teu mundo
Nem mesmo por um segundo
E se pensas que de alguma forma
Te farei uma única tentativa
Siga tranquilo tua vida
Os meus cacos já me bastam
Tenho em minha vida suficiente trabalho
Qualquer desprazer me é desnecessário
De mim apenas terá
Se acaso vir minhas palavras procurar
A certeza do que sinto
E que respeito quando não me aceitam
O que eu sinto não obrigo
Nem à um possível inimigo
O que sinto e vivo a mim pertence
E sendo assim só cabe a mim
E se há em mim um desejo
É que feliz tu possa sê-lo
Independente de eu não sê-lo