Consciente

Depois do esvair de longo tempo

Onde o caminho nebuloso fiz sozinha

Sentindo no meu rosto um gélido vento

Noites e dias de sombrios tormentos

Vi o ir sem que houvesse uma palavra

Que pudesse dar-me a calma

Mas vi minha alma

Desfazer-se em grossas lágrimas

E no tempo que se esvaía

Entre as noites e os dias

Esperei-te com toda calma

E em memórias relembradas

Revivi o que deixaste

Entre as pedras lançadas

E assim minha alma

Que agora estava na palma

Pois de mim fôra arrancada

Foi aos poucos aceitando

E se já não estava te buscando

Mais fui me afastando

Uma forma encontrada

De manter-me guardada

Nas lembranças de um sonho

Foram muitas madrugadas

Noites acordada

Dias agoniada

Uma espera pelo nada

Que só eu esperava

Hoje a consciência

Depois desse infindo tempo de ausência

Diz-me ser besteira

Alimentar a ilusão

De que teu coração

Guarda a fagulha certeira

Que te trará e o sonho despertará

Pés plantados em firme chão

Não permitam ilusão

Mesmo que em meu coração

Habites sem permissão

Como eu tentei

De inúmeras maneiras

Arrancar-te do meu ser

Para voltar a ser

A garota que eu era

Mas me habitas

E apenas guardo as feridas

Para cuidar de minha vida

Aceitando minha sina

Portanto, não te preocupes

Os teus receios não me nutrem

Jamais entrarei no teu mundo

Nem mesmo por um segundo

E se pensas que de alguma forma

Te farei uma única tentativa

Siga tranquilo tua vida

Os meus cacos já me bastam

Tenho em minha vida suficiente trabalho

Qualquer desprazer me é desnecessário

De mim apenas terá

Se acaso vir minhas palavras procurar

A certeza do que sinto

E que respeito quando não me aceitam

O que eu sinto não obrigo

Nem à um possível inimigo

O que sinto e vivo a mim pertence

E sendo assim só cabe a mim

E se há em mim um desejo

É que feliz tu possa sê-lo

Independente de eu não sê-lo

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 11/01/2024
Reeditado em 11/01/2024
Código do texto: T7974371
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