DESALENTO
Tantos foram
que lá ficaram um só.
Aprenderam a liturgia do uníssono,
compartilhavam-se
de lacrimosas lembranças
às vezes ensaiavam um desengonçado riso,
uns andrajos de esperança
para se lembrarem
do propósito do horizonte.
A negação era companheira
teimosa,
na recusa do esquecimento
iam colecionando uns incômodos laivos
de regresso.
O tempo era a apólice
dos amanhãs,
seguro estavam da infinitude
dos desejos
desbotados na pátina
que a saudade emoldurava.
As noite
iam se lumiando em inquietações
o leito tosco,
era a medida tíbia
dos sonhos,
já camuflados de ilusão.
E de tão alto
que iam,
ora dessa esbarrariam
numa desavisada estrela
que divisava as cadências
do lume e do medo.
Das cadências
eles entendiam,
do medo
se entediavam,
das cadentes estrelas,
das carentes estradas
só lhe restavam as orações.
E de tantas
se transformavam
em uma só,
unânime penitência
em tempos de
recorrentes desolações.