VIAGEM NECESSÁRIA

VIAGEM NECESSÁRIA

 

Às vezes enveredamos pelo mundo,

Numa viagem mais que necessária,

Em busca de um eu mais profundo,

Se uma zona de conforto é árida.

 

Ninguém foi feito para ermitão,

Pois somos seres de convívio,

Mesmo que eremitas sejam irmãos,

E o filho pródigo estiver vivo.

 

Não percebemos o que tá ao lado,

Pois a rotina distrai e acomoda,

Nos confundindo até num relato,

E não se mostra o que incomoda.

 

Se tomamos ciência da ferida,

É porque nos machucamos à toa,

E tocamos em tudo, até na briga,

E achamos ser por isso que doa.

 

Mas as dores são sempre alertas,

Ao dizer quando há os problemas,

Como a falta de nossas cobertas,

Faz sentido no frio dos cinemas.

 

Tudo que penso vem do passado,

Que se transforma em cognição,

Pois aprendemos tendo ao lado,

Poucos amigos, família e nação.

 

Dia a dia, também há os gatos,

Como os cães que nos divertem,

Mas há quem veja nos retratos,

As lembranças que permanecem.

 

Quem já teve aves nas gaiolas,

E entendeu sobre ter liberdade,

Já soltou elas como escolas,

Que ensinam do bem à maldade.

 

Mas no dia do cortejo fúnebre,

Eu quero as aves pelo caminho,

Celebrando num canto lúgubre,

Se a vida é cheia de espinhos.