A IDADE E O HOJE

A IDADE E O HOJE

 

A idade nos consome aos poucos,

Ou seriam as doenças plantadas,

Pois comemos de modo tão louco,

E, ao final, a sobra é o nada.

 

Nós trocamos as frutas por bolos,

E, para o suco, os refrigerantes,

Até o chá não é da folha que colho,

Mas uma mistura com emulsificante.

 

Não gozamos dos anos que temos,

Pois o nosso relógio é veloz,

Se a Terra transita sem remos,

Com os hertz que não têm voz.

 

Hoje só percebemos parte do dia,

Onde não dão valor ao descanso,

E os turnos se ligam sem poesia,

Pois não há redes e nem balanço.

 

Esqueceram o intervalo pra sesta,

E todos pensam que não há estrago,

Mas o capitalismo edita a festa,

E nos devoram a vida em tragos.

 

Todos sabem que rico não trabalha,

Mesmo que ele pense ser o provedor,

Mas ele recolhe o suor da batalha,

Onde quem morre sou eu, ó doutor!

 

Antigamente o labor perdurava,

Pois tudo era sem tecnologia,

Mas se antes eu sonhava,

Hoje o que sobra é só agonia.