Tempo nublado

Um corpo delicado

Entre lençóis largado

Olhos abertos

Outra noite de insônia

Uma fresta entre as cortinas

Um pouco do céu revela

Os olhos de menina

Pulam por essa fresta

Tudo meio cinza

Anuncia estar nublado

O novo dia

Que pouca luz irradia

O corpo cansado

De tanto estar deitado

Quase sem forças

De um jeito arrastado

Se leva até a janela

E sente a brisa que vem dela

Um toque frio

No rosto um arrepio

No nariz o ar gelado

Entra esfriando

O coração apertando

E uma saudade

Que, talvez, na verdade

Nem possa ser chamada saudade

Mas aperta e machuca

Todos os dias

De maneira absoluta

Os olhos se fecham

Por um minuto

Os pensamentos voam

Mas nada encontram

E regressam

O olhar move-se pelo lugar

Escaneando a realidade

E olhando o próprio corpo

Os acessórios que o fazem

Ainda estar ali

Naquele instante parado

Dá-se conta de ser um sonho

Jamais realizado

E olhando pela janela

Sente também os olhos nublados

Tempo lá fora

Tempo dentro dela

Tudo misturado

Volta para cama

O corpo no leito largado

Pensamentos perdidos

Em tanto que não faz sentido

Tenta achar um sorriso

Para cobrir o frio

Que agora está sentindo

Fechar os olhos é meta

Mas dentro há uma guerra

E só lhe resta o banho

Em água se fazer

E deixar escorrer

Até poder se refazer

E entrar em outra rotina

Sem que ninguém pudesse a ver

Há muitas nuvens lá fora

Um céu extremamente nublado

Dentro há muita chuva

Vinda de um céu pesado

Está tudo muito misturado

Do céu cai a chuva

No coração apertado

As lágrimas são pingos

Desse coração machucado

Há chuva na vida

Há chuva viva

Mesmo fechando as cortinas

Tudo continua nublado

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 03/01/2024
Código do texto: T7967784
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