Perdida
Porta fechada
Separando o mundo
De um grande nada
Sentada, completamente perdida
Quase desvairada
Os pensamentos soltos
Perdidos como pipa no vento
Revivendo cada momento
O coração bate fraco
Pela dor embevecido
Completamente perturbado
Dá-se por vencido
O olhar as paredes atravessa
Em uma busca por um ontem
Que muito o contém
Voa sem barreiras
Enquanto o corpo fica preso
Nas palavras nesse ontem ditas
Amarrado sem qualquer fita
Por haver tanto nelas
E ao fechar os olhos
Volto ao próprio colo
E dou-me algum consolo
Não me digo nada
Por já haver tanto sendo dito
No silêncio em que vivo
A borracha que apaga
Por segundos a memória
Somente quando fecho os olhos
Ela tudo controla
Mas se por acaso
Dela me distraio
Voltam todas elas
A voarem perto do teto
Viram fantasminhas
Zombeteiros e arteiros
E sem me dar conta
Choro o tempo inteiro