Perdida

Porta fechada

Separando o mundo

De um grande nada

Sentada, completamente perdida

Quase desvairada

Os pensamentos soltos

Perdidos como pipa no vento

Revivendo cada momento

O coração bate fraco

Pela dor embevecido

Completamente perturbado

Dá-se por vencido

O olhar as paredes atravessa

Em uma busca por um ontem

Que muito o contém

Voa sem barreiras

Enquanto o corpo fica preso

Nas palavras nesse ontem ditas

Amarrado sem qualquer fita

Por haver tanto nelas

E ao fechar os olhos

Volto ao próprio colo

E dou-me algum consolo

Não me digo nada

Por já haver tanto sendo dito

No silêncio em que vivo

A borracha que apaga

Por segundos a memória

Somente quando fecho os olhos

Ela tudo controla

Mas se por acaso

Dela me distraio

Voltam todas elas

A voarem perto do teto

Viram fantasminhas

Zombeteiros e arteiros

E sem me dar conta

Choro o tempo inteiro

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 30/12/2023
Código do texto: T7965459
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