Tempo findo

Entre os panos

O corpo nu

A alma em chamas

Na maresia

O olhar nublado

O rosto pálido

Fim de outro tempo

Dor em cada momento

Restaram poucas lembranças

Que nem sei

Se há validade

Ou se fingi serem minha realidade

Em algum tempo

Onde crença havia

Finda outro tempo de maresia

E no seguir de novos dias

Em meio a ventania

Escorre na veia

A antiga companhia

Gélido tempo

Cuja fração de cada momento

Traduz sem sutileza

A ausência de toda beleza

Intrépido e sorrateiro

Arrepia o corpo inteiro

Sobre o travesseiro

Afundado no branco tecido

Tudo de mim escorrido

Sem que olhos ou ouvidos

O tivessem percebido

Fugaz sonho que a alma

Alimentou como todo cuidado

Tratando-o como a um relicário

Contendo o mais sagrado

E que pelo tempo foi arrancado

Quisera outra aurora

Entre luzes e reluzes

Ver nas cores refletidas

Sonhos de outra vida

Reflexo não consentido

Cores apagadas e tingidas

Por outras acinzentadas

Nuances no agora criado

Esboço de uma vida não desejada

E outro tempo finda

Outro tempo se cria

E segue essa vida

Busca incessante

Pelo mesmo de antes

E entre os tempos findos

Os tempos vindos

O olhar ainda perdido

Coração ferido

Mãos vazias

Mas agora…

Sem fantasias

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 29/12/2023
Código do texto: T7964736
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