KIMBANDA

É nas margens do rio onde dançam espíritos —

E lá, ela inspira-nos fé com raízes e anseios

Quando as ervas contam segredos ao luar

E a cabacinha desemboca o eco dos antigos.

Há búzios entrançados nos cabelos dela

(Esta prezada Kimbanda, filha dos bosques)

Há rios a fluir em cascadas da voz dela.

As montanhas são testemunhas deste rito

Que brota entre o poente e as aves revoadas.

A lua observa um manto de tons verdes

Sobre turfas, já que a nossa vidente busca

Mais anseios e raízes que mergulham fundo

Nas vísceras da terra. são amuletos dela.

Os mesmos espíritos também cantam preces

Em silêncio pintado nos penedos sagrados —

Guardam memórias nos altos mananciais

Que provêm das furnas pelos meandros.

E através dos búzios dela, esclarece enigmas

Ante a cabacinha e fumaças de rara sorte —

Daí, modela o porvir com seus dedos de barro

Ao toque divino. implora génios com as marés

Enquanto oráculos revelam-lhe caminhos.

Redigido em Kimbundu.

Tradução portuguesa do autor.