Sonhos perdidos
Na penumbra o coração reclama
Os olhos revelam
Úmidos
Rio transbordante
Dentro do peito a antiga chama
Dor de quem ama
Por dentro um grito
Externado em um gemido
Quase inaudível
A respiração profunda
A alma no peito afunda
Cansaço
O corpo fatigado
As forças exauridas
Tantos sonhos mortos
Velados sem coroas
Funeral de um só
O morto que vivo
Segue espectro na vida
Um corpo
Morto vivo
Um coração
Tão ferido
Nas mãos
Na derme que a cobre
Enquanto todos dormem
Nelas um profundo corte
Verte o rubro
Que na cama tinge
Sem ser artista
A obra dessa vida
Lágrimas que correm
Em silêncio
De profunda solidão
Esculpida nos sonhos
Que estão sob o chão
Os joelhos dobram
Soluços rompem o silêncio
E mesmo assim todos dormem
No frio chão o corpo encolhe
Entre o rubro e as lágrimas
A cama está forrada
O coração pulsa no ritmo da dor
Pelo chão a linda cor
Figura tingida de dor
A face empalidecida
Revela a desilusão sentida
Só há vazio
Frio
E essa solidão
Madrugada
Luz acesa
O corpo erguido
Senta-se à mesa
Nada servido
Sono perdido
Pensamentos em desatino
Nasce o dia
Luz apagada
Água ligada
O corpo lava
Cabeça cheia
Na água molhada
Tentando encontrar forças
Pra outra caminhada
Peito aberto
Coração partido
Alma de dor
Sonhos perdidos
Os passos carregam
Entre tantos sozinha
E a dor nega
Finge
E no sorriso diz
Que até é feliz