Sonhos perdidos

Na penumbra o coração reclama

Os olhos revelam

Úmidos

Rio transbordante

Dentro do peito a antiga chama

Dor de quem ama

Por dentro um grito

Externado em um gemido

Quase inaudível

A respiração profunda

A alma no peito afunda

Cansaço

O corpo fatigado

As forças exauridas

Tantos sonhos mortos

Velados sem coroas

Funeral de um só

O morto que vivo

Segue espectro na vida

Um corpo

Morto vivo

Um coração

Tão ferido

Nas mãos

Na derme que a cobre

Enquanto todos dormem

Nelas um profundo corte

Verte o rubro

Que na cama tinge

Sem ser artista

A obra dessa vida

Lágrimas que correm

Em silêncio

De profunda solidão

Esculpida nos sonhos

Que estão sob o chão

Os joelhos dobram

Soluços rompem o silêncio

E mesmo assim todos dormem

No frio chão o corpo encolhe

Entre o rubro e as lágrimas

A cama está forrada

O coração pulsa no ritmo da dor

Pelo chão a linda cor

Figura tingida de dor

A face empalidecida

Revela a desilusão sentida

Só há vazio

Frio

E essa solidão

Madrugada

Luz acesa

O corpo erguido

Senta-se à mesa

Nada servido

Sono perdido

Pensamentos em desatino

Nasce o dia

Luz apagada

Água ligada

O corpo lava

Cabeça cheia

Na água molhada

Tentando encontrar forças

Pra outra caminhada

Peito aberto

Coração partido

Alma de dor

Sonhos perdidos

Os passos carregam

Entre tantos sozinha

E a dor nega

Finge

E no sorriso diz

Que até é feliz

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 28/12/2023
Código do texto: T7964090
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