Os homens desta era

São os homens, desta era, de borracha,

as mulheres, de plástico oleoso.

Todos criaturas cinzas, matéria tão só:

espíritos de pedra, corações de metal.

Tudo devido a grã errada conclusão:

isolou-se, ao pé da letra, a questão da primeira culpa,

elevou-se em monumento

a suspeita de que somos indignos,

que estamos destituídos da luz

e da grande felicidade,

que não há salvação.

Tomamos um lado, em histeria:

não queremos ser felizes,

almejamos nossa destruição,

pois supomos sermos seres de trevas.

Nadamos no nada e no abismo,

nos odiamos, nos julgamos um absurdo,

um erro, um não-ser.

Caímos na sedução da tragédia,

pois é ela uma sereia:

a tememos, mas nos seduz,

nos enlaça para nos devorar;

canta-nos alegres devaneios,

mas nos traga ao mar revolto.

Matamos aquele que nos perdoou

e agora não há quem nos redima.

Esquecemos que a vida é sempre nova.

Esquecemos que há um amor que tudo perdoa.

Esquecemos que Cristo ressurgiu.

Enilson Ferreira
Enviado por Enilson Ferreira em 25/12/2023
Código do texto: T7961493
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