SER MAIS QUE O CREDO
SER MAIS QUE O CREDO
É preciso entender os anexos,
Pra saber não saber do mistério,
Pois o homem se acha o reflexo,
Mas é tudo, menos algo sério.
E não há qualquer verdade no ódio,
Muito menos numa fútil ganância,
Pois nem mesmo somos o primórdio,
Ao achar sermos dono da estância.
Não há terra que seja promessa,
Porque Deus é nosso único Pai,
Ou a Mãe que nos ouve na festa,
Mas sabendo que tudo se esvai.
Esse planeta onde todos nascemos,
Não foi feito com casas ou cercas,
Nem nos deu o que ainda não temos,
Mas é preciso ser quem o mereça.
Ninguém nasce com gosto na boca,
Nem sabendo falar impropérios,
Ninguém nasce vestido de roupa,
Muito menos pelos monastérios.
Somos filhos pelas manjedouras,
Espalhados por cada diáspora,
Mas ninguém nasce das lavouras,
E o leite não será da madrasta.
Devo ser muito mais que o credo,
E também mais do que minha etnia,
Pois o omnívoro é ser indiscreto,
Ao comer e beber com a nostalgia.
Mas é preciso saber que há o fim,
Seja de um dia ou da civilização,
Pois só há um povo pelos confins,
E o resto é escárnio e ilusão.
Todos somos parentes e primatas,
Foi assim que Deus nos permitiu,
Temos pernas e mãos, não as patas,
Construindo até mesmo um funil.
Nós devemos acordar com o sol,
E dormirmos com estrelas e a lua,
Se portando como irmão e não só,
Pois não há ermitões pelas ruas.
Parem a guerra e tanta sandice,
Respeitem até mesmo seu inimigo,
Mesmo vivendo de disse me disse,
Pois é melhor nós sermos amigos.
Na paz construímos a vida ideal,
Na guerra quem ganha é a loucura,
No lar eu convivo como o normal,
Mas nas batalhas ninguém se cura.