DOS ATOS EXUMATÓRIOS
Para que revolver
os sumos de inquietantes saudades,
ressuscitar passados insones ?
Não queiras mais cultivar
invisíveis lágrimas
sobre o frontispício das irresignações.
Deixai seguir o curso da vida
sem os penosos grilhões !
Insepultas são as dores
que adubamos nos jardins da ilusão.
Das autópsias da solidão,
só encontraremos o desalento.
Já se faz o tempo,
impaciente que é,
de arregimentar recomeços,
e exumar, definitivamente,
os fantasmas
e outras assombrações
que acalentamos no nosso quarto de dormir ...
e de sonhar.