CASMURRO
"Não há mais martelos para tantos pregos e preguiças. Sendo assim, dedico—me ao Machado."
....................
CASMURRO
Sou um ser
enclausurado em poesia.
Recuso-me,
recluso,
às rebeliões libertinas,
Às tabeliões vespertinas,
oficializo meus recolhimentos,
e sigo escolhendo,
milimetricamente,
o que de mim
se fez métrica.
Recomendo os líricos versos
aos inquietos verbos.
Não pretendo
polemizar,
só poetizar
talvez polinizar
algumas sementes.
Eu venho
na forma solitária de uma boa confissão poética,
no vinho
e em todas as
revelações embriagantes,
sem medo das outras carraspanas do porvir.
Abro meu livro,
e fecho-me
para o tempo.
O resto é passado!
Na leitura sou
página virada,
incontáveis,
esguias, frenéticas, ...
elétricas enguias
sou a energia que me move
para algum lugar dentro dos meus sonhos.
Assim como a doce sensação
do perfume,
eu desprezo as despetalantes
orgias das flores com o vento.
De passo em passo,
vou-me vagarosamente
descendo do muro
e me alçando
tão alto
um modorrento pássaro,
tão lento,
no talento,
atávico,
com inato dom ...
Casmurro.