Penumbra

A luz ilumina a face

Que na penumbra

Tenta ocultar-se

Enquanto para o infinito olha

Em silenciosa prece

Os olhos eternamente úmidos

No peito, a dor adormece

Os sonhos que outrora

Coloria um mundo de fantasia

Era inocente a alegria

No tempo presente

Ela sente

Mas mantém contidas as palavras

Enquanto atua no teatro da vida

Totalmente exaurida

Mostrando o que nela querem ver

E só a denúncia

Os olhos eternamente úmidos

Mas ninguém vê

O sorriso na face

As palavras cuidadosamente escolhidas

A maquiagem

Falam por ela

Enquanto ela

Os lábios sela

É como uma bailarina

Dança com leveza

No rosto a delicadeza

Mas dentro das sapatilhas

Os seus pés sangram

E quem irá saber?

Todos olham a bailarina

Os passos e seus saltos

Que a elevam

E depois sobre o palco

Teus pés na sapatilha

Batem

Parecendo não ter ela peso

Mas ela sabe o pesadelo

E sua face

Nada mostra

Só o que o público gosta

Mas quando sozinha

Essa pobre bailarina

Das sapatilhas se livra

E agora ela pode

Despir-se do disfarce

E na dor entregar-se

A luz ilumina a face

Dela que na penumbra

Tenta ocultar-se

Dela que tem os olhos

Eternamente úmidos

Sem disfarces

Mas ninguém vê

Dela, o que mostra ao mundo,

O que o mundo quer ver

E só na penumbra

Quando a porta fecha

E ela se coloca em sua tumba

Ela é ela

E ninguém a vê

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 17/12/2023
Reeditado em 17/12/2023
Código do texto: T7956186
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