Penumbra
A luz ilumina a face
Que na penumbra
Tenta ocultar-se
Enquanto para o infinito olha
Em silenciosa prece
Os olhos eternamente úmidos
No peito, a dor adormece
Os sonhos que outrora
Coloria um mundo de fantasia
Era inocente a alegria
No tempo presente
Ela sente
Mas mantém contidas as palavras
Enquanto atua no teatro da vida
Totalmente exaurida
Mostrando o que nela querem ver
E só a denúncia
Os olhos eternamente úmidos
Mas ninguém vê
O sorriso na face
As palavras cuidadosamente escolhidas
A maquiagem
Falam por ela
Enquanto ela
Os lábios sela
É como uma bailarina
Dança com leveza
No rosto a delicadeza
Mas dentro das sapatilhas
Os seus pés sangram
E quem irá saber?
Todos olham a bailarina
Os passos e seus saltos
Que a elevam
E depois sobre o palco
Teus pés na sapatilha
Batem
Parecendo não ter ela peso
Mas ela sabe o pesadelo
E sua face
Nada mostra
Só o que o público gosta
Mas quando sozinha
Essa pobre bailarina
Das sapatilhas se livra
E agora ela pode
Despir-se do disfarce
E na dor entregar-se
A luz ilumina a face
Dela que na penumbra
Tenta ocultar-se
Dela que tem os olhos
Eternamente úmidos
Sem disfarces
Mas ninguém vê
Dela, o que mostra ao mundo,
O que o mundo quer ver
E só na penumbra
Quando a porta fecha
E ela se coloca em sua tumba
Ela é ela
E ninguém a vê