CHUVA, ÁGUA E CHAPADA
CHUVA, ÁGUA E CHAPADA
A verdade da chuva é voz do mar,
Quando ele quer abraçar a terra,
Sendo o modo de ir a todo lugar,
Com a geleira ou nuvem na serra.
Sempre ouvi ditados ancestrais,
E chuva na baixa é sol que racha,
Mas com nuvens acima dos Urais,
É na chuva que a terra me acha.
Todo água do mundo é estática,
Não pelo movimento, mas o volume,
E o mar é minha vitrine aquática,
Pois vou à praia como um costume.
Um dia que chove, tem outro de sol,
Mas um dia nublado é pra meditar,
Pois se chove eu ganho um girassol,
Mas ao vento frio, vou lacrimejar.
Eu sou como Hermes e as nuvens,
E olho o mundo com raios de Zeus,
Mas tenho meu aço sem ferrugens,
Pois nas trovoadas ouço a Deus.
Uma forja de Hefesto é quente,
Mas com a água o ferro tempera,
E em cada lareira sob o poente,
Uso as águas e o chá me espera.
Já penso nos dias pela Chapada,
Num sítio arbóreo em meio às aves,
Com galos cantando na madrugada,
E os vagalumes de luzes suaves.
Vou ter um luar com os lobos,
E ouvir os guarás lá uivando,
Enquanto assamos pães e bolos,
E o meu bom café vou passando.
Quero ter mil geléias de Ana,
Com amoras que Son lá plantou,
Ou com aquele morango de fama,
E um frio que sempre agradou.
Reunir com amigos e a família,
Conversar e contar meus poemas,
Ou ouvir dos griôs pela trilha,
Tendo as cachoeiras por tema.
Lá a minha Oxum se apresenta,
Pros banhos e as cartas de tarô,
Para cada conselho que aumenta,
A fé e a cura em nome do amor.