Hora solitária
As horas passam
Em um compasso
Que nunca se altera
Assim como quem ama
Não desiste da espera
Cada esvair de segundos
São os tempos que nesse mundo
A solidão esteve aqui
Fria em sua calidez
Faz de minha estupidez
Razão apropriada
Para manter-se em mim penetrada
Covardia de uma vida
Camuflada na palidez
De um rosto fúnebre
Esperando outra vez
Por uma oportunidade
De libertar-se dessa insensatez
E nessa fragilidade
Que ao corpo combali
A mente rompe o tempo
Foge para outro momento
Originário da ilusão
Onde forte bate o coração
Trôpega se joga e senta
Sobre a relva refrescante
Olha o céu e vagueia
Entre cores e sombras
E por um segundo
Consegue até sorrir
Até que o silêncio
E o frio do momento
Traz a razão
A mente que estava longe dali
Indelicadeza que com certeza
Não comove outro alguém
Fere tão somente
Aquela cujo coração
Não importa para ninguém
Volta então a realidade
Outras horas que logo vem
E no tic tac
O tempo passa
Mas não passa
A vida embaça
O sorriso não convém
No peito pequenino
O coração, pobrezinho
Nem mais lembra um passarinho
Pois asas já não tem
São horas indelicadas
Que passam por essa estrada
Estrada sem ninguém
São horas e mais horas
Presas no abandono
Presa sem ninguém