Outra vez

Outro dia

Horas vazias

Entre cada palavra

Bem guardada

Não se ouve nada

As horas passam

Depois delas os dias

São horas vazias

Dias sem poesia

Amanhece

Sem fantasias

É dia

Mas o breu permanece

Mais um dia

De horas vazias

Cheias de nada

Eu na estrada

Eterno caminho

Sem destino

Amanhece

Nada acontece

As horas passam

No contínuo abandono

São só dias

Que trará outros dias

Entre a poeira

E a falta do sono

Dias de agonia

Pensamentos dispersos

Os olhos revelam

Pensamentos negam

Luta de todos os dias

Lembranças

Memórias que matam

Esquecimento

Tormento

A solidão abraça

Dias que trazem outros dias

Na estrada

Seguindo para o nada

Coração descompassado

Pela saudade atormentado

Fantasias

Sonhos de alegria

É o que alimenta

Essa alma sedenta

Ao fim do dia

Poeira

Vida vazia

Sombras

No quarto ronda

A respiração denuncia

Cansaço do dia

A alma reclama

Se derrama

Pelo chão

Na cama

Nas águas que a toma

Olhos inchados

Avermelhados

Ardem na sombra

Olham para o nada

Se congelam

O corpo tomba

A força descarrega

Nas sombras

Se desconecta

Tenta

A mente não cessa

Fecha os olhos

O pensamento revela

O sono não chega

De novo acesa

Sem forças

Nas memórias presa

A noite passa

Fulgaz

O dia chega

Nada traz

De volta a vida

O corpo levanta

Lava

Arruma

Desocupa

Na estrada

Outra vez

As memórias assombram

Como antes fez

E o dia passa

Outra vez

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 04/12/2023
Reeditado em 04/12/2023
Código do texto: T7946512
Classificação de conteúdo: seguro
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