Outra vez
Outro dia
Horas vazias
Entre cada palavra
Bem guardada
Não se ouve nada
As horas passam
Depois delas os dias
São horas vazias
Dias sem poesia
Amanhece
Sem fantasias
É dia
Mas o breu permanece
Mais um dia
De horas vazias
Cheias de nada
Eu na estrada
Eterno caminho
Sem destino
Amanhece
Nada acontece
As horas passam
No contínuo abandono
São só dias
Que trará outros dias
Entre a poeira
E a falta do sono
Dias de agonia
Pensamentos dispersos
Os olhos revelam
Pensamentos negam
Luta de todos os dias
Lembranças
Memórias que matam
Esquecimento
Tormento
A solidão abraça
Dias que trazem outros dias
Na estrada
Seguindo para o nada
Coração descompassado
Pela saudade atormentado
Fantasias
Sonhos de alegria
É o que alimenta
Essa alma sedenta
Ao fim do dia
Poeira
Vida vazia
Sombras
No quarto ronda
A respiração denuncia
Cansaço do dia
A alma reclama
Se derrama
Pelo chão
Na cama
Nas águas que a toma
Olhos inchados
Avermelhados
Ardem na sombra
Olham para o nada
Se congelam
O corpo tomba
A força descarrega
Nas sombras
Se desconecta
Tenta
A mente não cessa
Fecha os olhos
O pensamento revela
O sono não chega
De novo acesa
Sem forças
Nas memórias presa
A noite passa
Fulgaz
O dia chega
Nada traz
De volta a vida
O corpo levanta
Lava
Arruma
Desocupa
Na estrada
Outra vez
As memórias assombram
Como antes fez
E o dia passa
Outra vez
…