Eu sei
Deita sobre mim o peso dos velhos sonhos
Não me faz dormir
Me lembra do abandono
No outrora, quando a face a infância enfeitava
Rolavam as lágrimas
Em soluço eu dormia
Mas assim que amanhecia
Despertava os mesmos sonhos
No agora as coisas são um pouco diferentes
Ainda choro
Ainda sinto o peso dos velhos sonhos
Ainda vivo no abandono
A diferença encontrada
Apresenta-se ao ser despertada
A saudade é marota
Brinca como o vento brinca com nossa roupa
Até que nos desnuda
Nos deixando a mercê
Sem que nada possamos fazer
Ando tão desmotivada
Sigo em mim empertigada
No silêncio sepulcral enterrada
Mas não questiono mais nada
Aceitei o velho convite
Me levei nos passos bem valsados
Para dentro do meu mundo silencioso
Não são minhas palavras expressão de queixume
Resignei-me nas condições que sempre vivi
E olhando a minha volta
Meus olhos úmidos se prenderam
Nos antigos companheiros
Meu violoncelo ali no canto abandonado
E no outro lado
Meu violão bem guardado
Olhando para minhas mãos
Vi meus dedos enferrujados
Faz tanto tempo e nem notei
Que nem mais os havia tocado
Deixei-me com os pesos
Que larguei tudo que antes amava
Por um amor que foi passageiro
No coração daquele que disse que me atava
E me foi sorrateiro
Mas ainda não foi dessa vez
Que meu quarto se encheu de música
E de notas se fez
Pois não senti ser essa a melhor hora
Ainda carrego os pesos
Como se fosse agora
Que a minha estupidez
Acreditou nos sonhos
Mas esse tempo passou
E agora sei quem sou