Eu sei

Deita sobre mim o peso dos velhos sonhos

Não me faz dormir

Me lembra do abandono

No outrora, quando a face a infância enfeitava

Rolavam as lágrimas

Em soluço eu dormia

Mas assim que amanhecia

Despertava os mesmos sonhos

No agora as coisas são um pouco diferentes

Ainda choro

Ainda sinto o peso dos velhos sonhos

Ainda vivo no abandono

A diferença encontrada

Apresenta-se ao ser despertada

A saudade é marota

Brinca como o vento brinca com nossa roupa

Até que nos desnuda

Nos deixando a mercê

Sem que nada possamos fazer

Ando tão desmotivada

Sigo em mim empertigada

No silêncio sepulcral enterrada

Mas não questiono mais nada

Aceitei o velho convite

Me levei nos passos bem valsados

Para dentro do meu mundo silencioso

Não são minhas palavras expressão de queixume

Resignei-me nas condições que sempre vivi

E olhando a minha volta

Meus olhos úmidos se prenderam

Nos antigos companheiros

Meu violoncelo ali no canto abandonado

E no outro lado

Meu violão bem guardado

Olhando para minhas mãos

Vi meus dedos enferrujados

Faz tanto tempo e nem notei

Que nem mais os havia tocado

Deixei-me com os pesos

Que larguei tudo que antes amava

Por um amor que foi passageiro

No coração daquele que disse que me atava

E me foi sorrateiro

Mas ainda não foi dessa vez

Que meu quarto se encheu de música

E de notas se fez

Pois não senti ser essa a melhor hora

Ainda carrego os pesos

Como se fosse agora

Que a minha estupidez

Acreditou nos sonhos

Mas esse tempo passou

E agora sei quem sou

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 30/11/2023
Código do texto: T7944154
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