LONGEVA IDADE
Famélicas são as noites
em que a sabedoria
não se aninha
no leito dos anos,
e estes
não se entregam
à volúpia de uma vivência sábia ... ávida.
Na mente,
no esquadro
das pátinas,
não é mais possível
folhear as páginas,
somente,
esquálido,
um resquício
de um dia qualquer.
O que escondem
os olhos marejados,
castigados pelo jugo da dor ?
Em que naufrágios
deixastes suas embarcações, quando abarcavam
seus presságios
e os preceitos de antanho ?
Ele,
tão só,
tão distante de si,
tão envolto
em invisíveis multidões ...
Pudera eu habitar
seus pensamentos,
resgatar os primórdios
dos sorrisos esquecidos,
empalidecidos na tez que tece
as rugas de cada amanhã.
Quantas estórias!
Histórias tantas
que o tempo e o historiador
parecem ser um só ...
na longevidade dos seus,
agora,
irresgatáveis tesouros,
enterrados
em algum lugar de um passado
emudecido pela memória
que se esvai
e que se vai
ao encontro do último lugar do infinito.