LONGEVA IDADE

Famélicas são as noites

em que a sabedoria

não se aninha

no leito dos anos,

e estes

não se entregam

à volúpia de uma vivência sábia ... ávida.

Na mente,

no esquadro

das pátinas,

não é mais possível

folhear as páginas,

somente,

esquálido,

um resquício

de um dia qualquer.

O que escondem

os olhos marejados,

castigados pelo jugo da dor ?

Em que naufrágios

deixastes suas embarcações, quando abarcavam

seus presságios

e os preceitos de antanho ?

Ele,

tão só,

tão distante de si,

tão envolto

em invisíveis multidões ...

Pudera eu habitar

seus pensamentos,

resgatar os primórdios

dos sorrisos esquecidos,

empalidecidos na tez que tece

as rugas de cada amanhã.

Quantas estórias!

Histórias tantas

que o tempo e o historiador

parecem ser um só ...

na longevidade dos seus,

agora,

irresgatáveis tesouros,

enterrados

em algum lugar de um passado

emudecido pela memória

que se esvai

e que se vai

ao encontro do último lugar do infinito.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 30/11/2023
Código do texto: T7943649
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