SURPRESAS... CERTEZAS!

SURPRESAS... CERTEZAS!

 

Os dias serão sempre de surpresas,

Pois o mundo não para a sua viagem,

Gira junto com o Sol e as estrelas,

Mesmo com meu carro na garagem.

 

Eu não posso dizer ter certezas,

Pois não sou criador do Universo,

Sou apenas quem dá as despesas,

Para o rei que escuta meu verso.

 

Me disseram que eu sou o servo,

Mas às vezes me vejo um escravo,

Mesmo quando me visto com terno,

E dou aula às rosas e ao cravo.

 

Liberdade eu vou querer sempre,

Pois a cela não me traz a luz,

E a cidade nos tira do ventre,

Mas o campo é o que me seduz.

 

Na caatinga eu ouço seriemas,

E também os canários a cantar,

Tenho as sabiás nos poemas,

Em plena manhã e ao passear.

 

Não me peçam para ser urbano,

Se as sombras arbóreas convidam,

Nelas sopram os ventos e planos,

Como a fé dos que ainda acreditam.

 

Depois de cada chuva ou procela,

Benesses nos chegam aos montes,

Vêm com flores para minha lapela,

E o cheiro de amor no horizonte.

 

O caminho que traço é de leite,

Pois a Via Láctea é o meu lugar,

Onde passo os dias com o azeite,

Que na salada eu vou me fartar.