Calçada
Em um canto encolhida
Trêmula, quase sem vida
Delirante apenas pronunciava
Um único nome
Em um som quase inaudível
Por imensa dor terrível
O peito todo toma
Fica ela ali parada
Quase não se mexe
Esperando que o tempo
Traga o que é a cura do seu tormento
Mas quanto mais o tempo passa
Mais dela ele se afasta
E ela bem sabe
O tempo que cura
Também fere sem candura
E em seus devaneios
Ela pensou que seria só um tempo
Que a saudade o traria até ela
E todos os sofrimentos
Se extinguiriam no novo tempo
E sentada na calçada
Contou os minutos e as horas
Contou os dias e os meses
Se perdeu depois de um tempo
Já não sabia dizer
Há quanto tempo você se foi sem nada dizer
E perdida adoeceu
Sozinha se encolheu
Deixou o tempo e o silêncio
Serem como você quis e a fez saber
Ela não era nada
E ali naquela calçada
Deixou o tempo a dizer
Que não teria volta
E agora ela volta
Ao que antes estava a viver