Tempestade
Há escuridão lá fora
Dentro de mim
Ela me devora
Lá fora cai uma tempestade
Dentro de mim
A tristeza me invade
Não há rota de fuga
A morte um preço custa
Hei de viver meu luto
Em silêncio absoluto
Passarei por todas as fases
Até que reste só saudade
Derramarei rios de lágrimas
Reviverei todos os sonhos
Até que me entregue ao abandono
Esvaziarei a minha alma
Farei de novo minha mala
Sairei sem rumo
Viajante nesse mundo
Sem ponto de chegada
Sem definitiva morada
Serei como um passarinho
Sem sonhos e sem ninho
Seguirei a cada dia
Rompendo a melancolia
Mas não hoje, não agora
Agora sou tempestade
Sou a escuridão que invade
Sou as águas bravias do rio
Inundado pela tempestade
Sou o que fica após a enchente
Sou a bagunça, o caos, essa é a verdade
Sou o grito guardado
Sou o silêncio berrado
Sou os sentimentos mais profundos
Sou a que julgas a pior do mundo
Mas o fazes sem nada de mim saber
Fazes porque faz bem à você
Intrépidas emoções que me impulsionam
Sem qualquer cuidado e alimentam
Sentimentos que já foram abandonados
É uma total absonância
Amor e abandono
Vivo a abstinência em real constância
Vivo?
Talvez esteja eu morta sem saber
Arrastando correntes enquanto acho que estou a viver
Quem sabe seja eu apenas um fantasma
Que não se deu conta que só é uma alma
E meu corpo jaz em uma cova qualquer
Nada agora posso afirmar
Porque não me sinto viva
Mas sei que não estou morta
E a quem isso importa?
Estou em luto
Luto por meu corpo morto
Luto por tantos desgostos
Luto por um amor enterrado
Que só em mim mora
E há tanto tempo velado
Há uma tempestade
Em mim e lá fora
As águas da chuva… invadem