Além do Vazio

Flecha certeira, me atravessa inteira,

Dilacera o meu ser, um raio de solidão

Que espelha o vazio tão sonhado,

Mas permeado por escassez.

Solo árido, deserto arraigado,

Aonde nada novo brota,

Ainda que se nutra de água salgada

Em formato de lágrima, que não faz crescer nada,

Só escancara a falta que nada preenche.

De onde tudo que transborda

É a repetição de um passado remoto,

Ainda tão presente, fantasmas de outras eras,

Consequências de escolhas inconscientes,

De padrões antepassados.

Apesar do esforço descomunal,

Ainda não é suficiente para abrir caminho

Em direção à miração da abundância

Que nasce do amor.

Talvez não seja para mim,

Parece que não sou tão poderosa assim

A ponto de ser capaz de, pela primeira vez, criar

Um universo distinto, reflexo do infinito

Que nunca conheci, mas sinto com todas as minhas vísceras que existe.

Mesmo que eu não seja capaz de adentrar,

Só me resta observar outras pessoas o habitarem,

Enquanto me deito no chão ao relento,

Onde vejo bem distante estrelas brilharem.

Sinto frio, sede e fome,

Meu corpo dói e sem forças para reagir,

Se entrega à morte,

Talvez essa seja a chave para adentrar

Aquilo que só vejo ao longe.

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 23/11/2023
Reeditado em 10/03/2024
Código do texto: T7938827
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