Leito frio
Em leito frio onde a tristeza vive
Ela traz a palidez
E o esboço de um sorriso umedecido
Pelas ácidas lágrimas que de teus olhos esvaem
Ninguém com ela convive
Teu mundo é cheio de estupidez
Enquanto o corpo vive, a alma é falecida
Só os sentimentos do corpo não saem
As feridas são tão profundas
Que o peito traz aberto
As palavras se calaram
Sofre mas não lastima
Segue como uma moribunda
No leito deixa o corpo já quase morto, ao certo
Não esquece o que lhe falaram
E nada muda a sua sina
Não tem um caminho certo
Teu corpo é coberto
Por feridas e cicatrizes
Os seus dias são infelizes
Sobre o corpo despedaçado
Traz fúnebre traje
Ordenado pela tristeza
O que por ironia, confere imensa beleza
Por um longo tempo alimentou
O desejo de ter onde chegar
Mas nunca encontrou
E a tristeza ocupou todo lugar
O coração só queria
Ao menos por um dia
Encontrar o amor
Para depois continuar
Assim toda essa dor
Teria o bálsamo que a iria aliviar
Mas nunca encontrou o caminho
Sempre esteve sozinha
Nunca a sorte a quis beijar
Talvez porque soubesse
Que se assim o fizesse
Nunca mais a iria deixar
Pobre triste menina
Em leito sempre sozinha
Nos caminhos mais sozinha
Na pedra outra vez sozinha
Na escuridão só lágrimas
Mas ainda sozinha
Pobre menina que nem terra recebera
Não haviam mãos que pudesse jogar
Não houve adeus
Mas silêncio a gritar
Essa menina em leito de tristeza
Nem possui vela acessa
Nenhuma alma por ela a rezar
É ela uma alma cansada
Um espectro sem reflexo
Sem sombra e sem luz
Não reflete, não compele
É um espectro que não existe para ninguém
Espectro de sentimentos que a ninguém seduz
E assim segue a menina
Encolhida na pedra fria
Teu lar nessa triste vida