Prece por desamor
Entre os silêncios
Entre os primeiros cantos
Os primeiros sons
Entre os pensamentos
Entre as lágrimas
As lembranças de um passado
Guardo os sentimentos
Já não é mais momento
O mundo não quer saber
Você já não existe em meu viver
As lágrimas pertencem à escuridão
A dor segue no coração
Não sei por quanto tempo
Nem sei se existirá o momento
De um dia te esquecer
Enquanto o mundo gira
Cada um segue sua sina
Eu me desnudo entre palavras
Onde deixo minha alma
Palavras por palavras
Verdades únicas reveladas
Sentimentos que me fazem sofrer
Os sonhos antes sonhadas
Morreram entre palavras
Foram no silêncio velados
Sem nunca serem deixados
Na tumba, em escuridão
Estando eternamente presos
Nesse meu coração
Que insiste em guardar
O que não mais se fará
E noite por noite
As lágrimas trará
Sinto-me indefesa
Presa nessa cadeia
De imensa solidão
Sem uma mísera esperança
De um dia segurar a tua mão
Ah! Se você soubesse
Se você pudesse
Ver o meu coração
Talvez me entenderia
Talvez não me abandonaria
Talvez cuidasse desse meu coração
Talvez…
Não sei dizer se assim faria
Ou se é outra ilusão
O que existe no meu coração
Talvez não seja presente em você, então
Talvez me caiba apenas a solidão
Nos últimos dias
Minha prece apenas pede
Para que esse meu coração
Seja esvaziado
Seja libertado
De toda dor
Isso porque não mais espero
Que para mim haja amor
Quero fechar meus olhos
Quero sentir-me em colo
Quero libertar-me da dor
Não tenho mais sonhos
Não vivo na espera
De que em alguma primavera
Floresça esse amor
Não haverá flores
Nem amores
Tudo há muito tempo findou
O que desejo hoje
É não sentir tanta dor
Por um amor que nem iniciou
Foi um aborto provocado
Um fruto não mais desejado
Minhas preces pedem
Pela minha capacidade
De seguir esvaziada
No mundo solitária
Completamente calada
Não peço por outro amor
Não desejo nada mais
Só peço por paz
Só peço para não sofrer mais
Estou muito cansada
Minha longa jornada
Nunca me foi capaz
De trazer-me flores
Um pouquinho de amor
Apenas dessabores
Desde a primeira respiração
Minha grande companhia
Foi a eterna solidão
Por isso esse amor
Foi pra mim a última esperança
De ter findada a minha solidão
Mas só deixou lembranças
Dos sonhos, dos planos, de alguma cor
Mas depois de tudo
Jogou-me de volta ao meu mundo cinza
De volta ao mundo de dor
Essa é a razão
Para minha oração
Pedir para me esvaziar
Para tudo de mim retirar
Para minhas lágrimas secar
Quero voltar aos olhos fechar
Quero poder acordar
Quero ao mundo olhar
Sem mais lembrar
Do amor que nunca existirá
Quero ser como uma água viva
Nadar pelo imenso mar
Sem nada esperar
Quero poder voar
Até ao infinito chegar
Sem nada lembrar
Quero arrancar esse amor
Por ser esse o motivo de tanta dor
Por nunca se realizar