A RAZÃO E A CERTEZA

A RAZÃO E A CERTEZA

 

Alguns querem sempre a razão,

Mesmo quando ninguém as tem,

Pois a morte é a pior exclusão,

Que um desejo egoísta provém.

 

Sempre houve a certeza da morte,

Mas também que não devo buscá-la,

Pois ela há de vir como um norte,

Que nos guia sem hora ou escala.

 

Ninguém morre somente à noite,

Nem há horário pra sede ou fome,

Se o corpo suporta um açoite,

Quando é forte e de tudo consome.

 

Nós somos omnívoros e bastantes,

Desde quando trabalhemos unidos,

Senão seremos apenas instantes,

Como um funeral nos põe reunidos.

 

Mas devíamos estar juntos agora,

Pois o amanhã é somente incógnita,

A não ser quando vamos à ágora,

E protestamos de forma metódica.

 

Sócrates sempre foi de reclames,

Pois sabia que o pouco nos basta,

Como o exemplo do sábio Diógenes,

Frente ao rei e à sombra nefasta.

 

Mas não tema, se estais melancólico,

Pois os dias nunca são só de luzes,

Se a noite é aparte e um propósito,

A nos ensinar sobre as cruzes.

 

Haverão dias de sede e de saciedade,

Como dias de tristeza e de alegria,

Mas também chegará a dor da idade,

Caso o jovem viva pra ter nostalgia.