A LUZ TEM UM PREÇO

A LUZ TEM UM PREÇO

 

Se é mesmo que houve um início,

Onde eu me escondia na escuridão,

O cardápio de luz tem um vício,

Que é ter preço em cada porção.

 

No meio do caos há as estrelas,

Bem como toda poeira de átomos,

E também há nebulosas centelhas,

Que geram de homens aos ratos.

 

Aqui, nesse cantinho de galáxia,

Chegam as abelhas como auspício,

Como castanhas são boas na tacha,

Porque no meu vatapá é preciso.

 

A luz tem um preço em girassóis,

Porque eles admiram os astros,

E me faz cheirar até os aerosóis,

Mesmo que não sejam tão castos.

 

Vivemos o instante da contradição,

Ao sentir bom odor ou só o veneno,

Comendo sem saber sobre nutrição,

Sofrendo cânceres até no duodeno.

 

Por isso, aprecie a luz cósmica,

E busque saber de onde tu vieste,

Ou para onde vais, qual a lógica?

Ou tudo que se esvai pelo oeste.

 

Quem não contempla ou aprecia,

É porque não sabe o que quer,

E está para todos como heresia,

Pois viu o profeta sem saber.

 

Os peixes e pães irão multiplicar,

Mas o volume d'água é estático,

Não cresce, mas teima evaporar,

Ou até ser uma geleira no ártico.

 

Na escuridão vou acender as velas,

Pois sendo num barco iria hastear,

E o vento eu não quero nas celas,

Mas numa jangada eu irei pescar.