Mãos de quem ama
Eu não preciso de muito
No pouco que sempre tive
Sempre busquei pelo que nunca tive
Tudo que queria
Era ter podido segurar a mão
De quem nunca me abandonaria
Nunca desejei por coisas
As coisas não possuem abraços
Coisas não dão colo
Coisas não consolam
Coisas nos remetem ao frio
À espaços vazios
Nunca foi esse o meu pedido
Mas ao longo da estrada
Fui ficando com o nada
Fui me preenchendo de dores
Dos muitos dessabores
A mão que eu queria
Se foi em meio a poeira
Deixando só tristezas
E uma vida vazia
As palavras se desfizeram
Os sonhos desmoronaram
Como os castelos de areia
E nada mais trouxeram
Das promessas nada sobraram
As mãos cada dia mais distante ficaram
Já não haviam palavras
E o coração arrancaram
E eu não precisava de muito
Nunca pedi por coisas
No fim não a mão
Nem o coração
Fiquei com nada
As palavras pronunciados
Uma a uma foram jogadas
Como flechas envenenadas
Atingiram meu corpo
Retiram-me as forças
E em um esforço louco
Tentei prender-me no que eu supunha
Ser o que pra sempre comigo ficaria
Foi pura tolice
Nas palavras que me disse
Não havia amor
Mas trouxeram infinita dor
Não espero que entendas
Muito eu tentei
Tantas vezes te falei
Os ventos desse tempo
Não traduzem o momento
Do amor que dediquei
Respeito o que decidiste
Nada mais consiste
No sonhado antes
Mas a verdade incontestável
Permanece nesse instante
Nunca quis coisas
Nem de ti e de ninguém antes
Apenas desejava
Pela mão que não me deixaria
Todo amor me daria
Não existia mais o abandono