Mãos de quem ama

Eu não preciso de muito

No pouco que sempre tive

Sempre busquei pelo que nunca tive

Tudo que queria

Era ter podido segurar a mão

De quem nunca me abandonaria

Nunca desejei por coisas

As coisas não possuem abraços

Coisas não dão colo

Coisas não consolam

Coisas nos remetem ao frio

À espaços vazios

Nunca foi esse o meu pedido

Mas ao longo da estrada

Fui ficando com o nada

Fui me preenchendo de dores

Dos muitos dessabores

A mão que eu queria

Se foi em meio a poeira

Deixando só tristezas

E uma vida vazia

As palavras se desfizeram

Os sonhos desmoronaram

Como os castelos de areia

E nada mais trouxeram

Das promessas nada sobraram

As mãos cada dia mais distante ficaram

Já não haviam palavras

E o coração arrancaram

E eu não precisava de muito

Nunca pedi por coisas

No fim não a mão

Nem o coração

Fiquei com nada

As palavras pronunciados

Uma a uma foram jogadas

Como flechas envenenadas

Atingiram meu corpo

Retiram-me as forças

E em um esforço louco

Tentei prender-me no que eu supunha

Ser o que pra sempre comigo ficaria

Foi pura tolice

Nas palavras que me disse

Não havia amor

Mas trouxeram infinita dor

Não espero que entendas

Muito eu tentei

Tantas vezes te falei

Os ventos desse tempo

Não traduzem o momento

Do amor que dediquei

Respeito o que decidiste

Nada mais consiste

No sonhado antes

Mas a verdade incontestável

Permanece nesse instante

Nunca quis coisas

Nem de ti e de ninguém antes

Apenas desejava

Pela mão que não me deixaria

Todo amor me daria

Não existia mais o abandono

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 06/11/2023
Código do texto: T7925946
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.