Talvez…
Talvez eu precise ir…
Talvez seja já o tempo…
Só talvez o tempo da espera tenha se esvaído
Só talvez porque eu não sei
Tudo que com certeza eu posso dizer
É que eu preciso esquecer você
Não há o tempo de vir
Não existe em você nenhum momento
Em que esse meu coração dolorido
Te seja razão de trazer a mim o sonho que sonhei
Então não tenho razão para crer
Que haverá um dia de olhar pra você
E quanto mais passa o tempo
Mais dor e sofrimento
Vivem a me fazer sofrer
É uma espera irracional
É loucura real
E se eu ainda estou aqui
É somente por não conseguir
Virar a página dessa triste história
E voltar a sorrir
Viver novos sonhos
Tentar evitar os enganos
E pela vida seguir
Com os pés bem plantados
Os olhos fixados
No que realmente poderá existir
Ter sonhos possíveis
Do tipo tangíveis
Para o choro não ter que engolir
Mas talvez seja hora de partir
Abandonar esse sonhos
Que povoam minha história
Sem que eu possa alcançar a vitória
Por estar a tanto tempo
Sozinha em cada momento
E nem mesmo existir
Uma breve possibilidade de você estar aqui
Não tenho mais razão
Para alimentar qualquer sonho
E ao olhar para mim
Tudo que encontro é pranto
Um pranto que não tem fim
E como então não desistir?
Se tua partida
Só teve despedida
Não com palavras ditas
Mas no silêncio que deixou aqui
E durante todo esse tempo
Em fiquei em silêncio
Esperando você vir
Mas até esse momento
Você não viu que o tempo
Se fez tão imenso
Que nem mais posso sorrir
Olhando tudo agora
Vejo que não existirá a hora
Nem haverá o momento
De haver uma volta
Por já ter se passado tanto tempo
Hoje eu sinto
Não para evocar teus sentimentos
Sinto apenas …
Sinto que pra você nem sou passado
Pois passado é lembrado
E não te sendo nada
Não haverá uma única palavra
Menos ainda haverá o tempo da vinda
E em cada vez que a realidade se faz saber
Se esfregando na minha cara
A dor se faz crescer
As lágrimas tomam minha vida
E eu esperando por você
Por isso talvez seja realmente o tempo
De deixar tudo ao vento
E seguir sem você
Mesmo com as lágrimas
E o silêncio das tuas palavras
Aceitar meu eterno abandono
Bem sei que as lágrimas
Me seguirão pela mesma estrada
E eu, feito um cão sem dono
Viverei de migalhas
Dos meus antigos sonhos
Talvez…
Talvez seja o momento…
Só talvez…
Sempre foi assim o meu tempo
…