DEIXE O SAPO VIVER

DEIXE O SAPO VIVER

 

Na vida há vários tipos de dia,

Alguns alegres e outros tristes,

Há dias de silêncio ou melodias,

Enquanto o nosso sonho insiste.

 

Também temos dias de repulsa,

Onde os humanos se maltratam,

Não por fome ou medo que pulsa,

Mas por atos que ferem e matam.

 

Quando o homem aprende a ser mau,

Me lembro do sapo e do escorpião,

Pois o que sobra é nada, afinal,

E os dois morrem sem justa razão.

 

A alegação é que tudo é instinto,

Pois um só sabe usar seu ferrão,

Como um carrasco não vê o destino,

Que debocha do relevo de sua ação.

 

Fica, então, as razões da vida,

Que só quer continuar a existir,

Mesmo que seja o que nos valida,

Então, deixem o sapo viver e ir.

 

Tudo é tão simples e complicamos,

Sempre querendo se ver com razão,

Como se fossemos donos e humanos,

Mas somos só feras sem compaixão.

 

Matamos em nome de paz e futuro,

Mas nosso presente é dor e paixão,

Sangramos os porcos como impuros,

E deixamos morrer sem a transfusão.

 

Criamos as datas e dias de semana,

Fingimos ter paz em dias de natal,

Enquanto vivemos apenas da fama,

De ser quem salva, mas somos o mal.