O garoto e o velho senhor
A manhã era de sol e de temperatura amena. Um banco
de jardim em um belo e velho jardim de rosas.
Por ali ficaram sentados por um longo e dilatado tempo,
até que chegassem os últimos minutos daquela linda
manhã.
Conversaram o velho senhor e o pequeno garoto.
Conversaram sobre tudo. Sobre tudo que se fosse
possível transmitir e sobre tudo que se fosse possível
absorver.
Uma voz interrompe a conversa: “Vamos garoto!”. E a
resposta vem de imediato: “Espere um pouco mais”.
E assim se fez. Por mais um tempo, porém não longo,
ficaram os dois ali a conversar.
Tempo suficiente para aquele, que mesmo com sua tenra
idade, se aventurasse em uma pergunta a mais.
“Senhor, para que tenha tanta sapiência e
discernimento, o senhor deve ter lido muito em sua vida.”
Indaga o pequeno garoto, ansioso à espera de uma
resposta que solucionasse a sua dúvida.
“Garoto...“, refletiu o velho senhor antes de continuar,
“não, eu não li muito. Eu li muito pouco. Talvez, eu
tenha lido quase nada em minha vida. Porém, o que
nunca deixei de fazer ao longo dela foi observar, ouvir e
ponderar.”
Novamente a voz de antes, desta vez mais enfática,
atalha a conversa entre os dois, induzindo-a ao fim.
“Vamos garoto!”
Levantou-se e se foi.
E o velho senhor ficou ali, simplesmente a observar as
rosas belas, daquele velho e belo jardim de rosas.