Laço de fita
Tem sido inóspito habitar dentro de mim
Minha morada anuncia o meu fim
Estou sem encontrar onde repousar
Por ser constante e por seguir a amar
Minha alma que é inquieta por tantas dores
Só recebeu nessa vida infinitas razões para dessabores
Por tantas vezes ter a morte ainda estando viva
No peito o coração aperta, vem uma fadiga
E numa ambiguidade de tamanha crueldade
Sigo em meio a tanta saudade
Sigo com quem nessa vida
Teve a alma muitas vezes ferida
E somente a solidão foi sua companhia
Em cada noite, em cada dia
Que seguiu crendo em sonhos
Mas os reias foram medonhos
Ofereci um sentimento que fôra dentro de mim concedido
Mas esse mesmo sentimento nunca foi por mim recebido
Debato-me em triste agonia
Agonia que vai compondo minha triste melodia
Por ter descrido dos sonhos
Me larguei no teu abandono
E para não mais ser para você razão de te fazer irar
Vim dentro de mim habitar
Mas é muito difícil, quase não consigo respirar
É sufocante tudo ter que em mim guardar
Quando o que eu queria era poder gritar
Dizer que não houve um segundo que deixei de te amar
Contudo, eu aprendi nesse tempo que vivi
Não se pode o amor obrigar nem dar a quem só deseja ir
E, ao contrário do que me dizia
Quando falou que nunca desistiria
Nos primeiros ventos as palavras voaram
Pelo ar foram se desfazendo até que evaporaram
Restaram apenas lembranças
Mas morreram as esperanças
E desde aquele dia
Eu sigo cheia mas completamente vazia
Tudo que eu queria
Quebrou nas tuas palavras frias
Que foram sendo repetidas
Abrindo mais feridas
Até que eu deixei de esperar pelas palavras ditas
E me prendi dentro de mim com um laço de fita
Não por ser uma coisa bonita
Mas para ter algum enfeite na minha vida