No Peso das Pernas a Dor Capenga
As vezes em que as sedas cobrem-me
E num café nobre um cappuccino toma-me
Tiro o peso das penas e desvio do tema
Daquele quarto, degredado, sem lema.
Na contramão da verdade a mesa covarde
Espera-me e com plena certeza será tarde
No copo não cabe a dor que capenga
E o vinho importado sangra na boca e larga
Palavras perdidas que o vento zangado condena.
E em passos ébrios saio, a rondar a cidade,
Orlas, salões dancantes, parques verdes
E na pele transpira a vontade de chuva.
É que do outro lado da rua o sol queima e turva.