Meus versos

Não vivo em devaneios

Minha consciência é tanta

Que fujo das dores entre as palavras

Escolhidas de forma delicada

Para manchar o papel

Com tinta de cor rubra

As palavras desenhadas

Não expressam anseios

São somente palavras que cantam

Se elevam até o céu

Para que eu tenha força

De seguir em uma roupa

Que agrade esse mundo

Pois bem sei que o choro

Nos expõe a julgamentos

De quem desconhece o momento

São as palavras desenhadas

Por rubra tinta

Minha forma de fuga

É meu bálsamo

Meu divã

Onde me recosto

Abro o peito

Deixo livre meus sentimentos

Sem a ninguém esperar

Sem achar que alguém irá se importar

Essas palavras que liberto

Nem livres estão

São como pipas

Que dizemos estarem soltas

Mas apenas por não estar visível

A linha que a sustenta

Enquanto esta enfrenta

Os ventos que a fazem parecer

Estar ela livre

Assim são minhas palavras

Pipas desenhadas

Pela rubra tinta

Voam em um limite determinado

Não alcançarão o mais alto

Ponto do céu

Não serão lidas

Por aquele para quem são escolhidas

Ficarão para sempre guardadas

Murchas no papel

Por isso deixo livre meus sentimentos

Por isso escrevo cada verso

Extraindo do meu peito

Cada dor

Cada sentimento

Cada lamento

Cada sofrimento

Vou assim tentando

Pouco a pouco deixando

Mais claro para mim

Aquele dia que disse ser o fim

E possa, enfim

Se tornar o fim também para mim

Não escrevo em tentativa senil

De que as palavras cravem

No silêncio oferecido

E com o que dizem

O façam tomar o que foi dito

E dizer que foi engano

Que disse por estar magoado

Ou qualquer outra coisa que pudesse te trazer

Não…não escrevo com essa intenção

Todos os versos são para mim

Mesmo que possa parecer

Ser egoísmo do meu ser

Mas é minha forma de sobreviver

E por tudo antes dito

Também foi prometido

Que a decisão de partir

Não seria por mim

Razão de insistir

Ao contrário, prometi

No momento que o silêncio

Se fez a voz que se pôs a bradar

Guardaria eu tudo que eu sentia

A sete chaves no meu peito

E não te buscaria

Nem mais tentaria

Romper com o silêncio

Se foi fácil?

Se o coração dilacerou?

Respondo sem precisar

De nada para enfeitar

Não foi e não é fácil

O coração quebrou até os cacos

Dos cacos se fizeram outros pedaços

E dos pedaços outros cacos

Não é possível juntar

Mas cumpro o prometido

Respeito o decidido

E se nos versos me refúgio

Não é por ilusão

É apenas um coração

Que vai caído pelo chão

Entre cada um dos pedaços

Tentando achar o fôlego

Para mais uma respiração

São os versos meu alívio

E se esses causam incômodo

Peço perdão

Mas reafirmo minha intenção

Assim como reafirmo serem eles

Os versos de alívio

Ao meu pobre coração

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 31/10/2023
Reeditado em 31/10/2023
Código do texto: T7921506
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